A baixa remuneração está colocando em risco a profissão de professor. Com a desvalorização no mercado, a carreira docente caminha para extinção. Pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, por exemplo, apontou que apenas 2% dos quase dois mil estudantes do 3º ano do ensino médio entrevistados têm como primeira opção no vestibular graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula. A pesquisa foi realizada em 18 escolas públicas e particulares de oito cidades do Brasil. Outros 9% mencionam a intenção de cursar disciplinas da educação básica, como letras, história e matemática – o que não garante, entretanto, que eles venham a se interessar pela carreira.

No ano passado, o Censo da Educação Superior descobriu que cursos ligados à formação de professores têm relação candidato/vaga alarmante: enquanto medicina aponta uma média de 21,8 candidatos competindo por um vaga, os cursos de formação de professores não ultrapassam 1,4.
É visível o desinteresse dos jovens pela sala de aula. É como se os professores estivessem fugindo da escola. Anualmente, são gastos bilhões com educação. Mas, para quem escolheu ser professor, é preciso mais do que equações para se ter uma educação de qualidade e ver o retorno de profissionais para as salas de aula.

A falta de salários atraentes e de planos de carreira que indiquem com clareza as perspectivas futuras, são elementos que interferem na escolha profissional dos jovens. Diante do quadro delineado, nos resta  os seguintes caminhos:  ou mudamos esta realidade ou não atingiremos um nível mais elevado de desenvolvimento da sociedade.

Não se pode negar que, nos últimos anos, as escolas têm recebido um certo "incentivo" do governo, com  livros e materiais didáticos de melhor qualidade, troca das carteiras e cadeiras nas salas de aula, alguns laboratórios de informática e até mesmo reformas recentes. O investimento, entretanto, não deixa de ser bem pequeno frente ao que a educação realmente merece e significa. O pior para os docentes é que esses incentivos nunca chegam até ele, nem mesmo o tão falado piso salarial, que mesmo defasado não chega ao bolso do professor.
O interessante é que muito se cobra do profissional da educação, mas essa cobrança não é proporcional ao que lhe é ofertado. O resultado é a bomba que explode. E explode exatamente nas mãos do docentes! 

O professor convive constantemente com a exigência de resultados. Se isso não bastasse, ele se depara diariamente com salas cheias, crianças e adolescentes que precisam de atenção devido a falta de estrutura familiar,  violência e uma  carga horária excessiva de trabalho.  Isso tudo aliado a péssimo salário e a todas as deficiências estrututais e  pedagógicas tornam inviáveis à realização profissional do educador. Diante disso, só resta àqueles que ainda podem fugir dessa tão sofrida, mesmo que bela, profissão.

É triste admitir, mas a verdade é que a profissão vive um desafio. O que se enxerga é um futuro nebuloso e nada promissor. Pode não parecer, mas já foi melhor. Quantos  jovens professores já chegaram às escolas, cheios de novas ideias, querendo mudar e melhorar a educação? No entanto essas boas intenções sempre esbarram na burocracia e na falta de recursos.
Se hoje, ainda com alguns professores que ingressaram na carreira por amor à sala de aula,  com ideais de mudar o mundo através de seus pupilos, encontramos essa triste realidade educacional. O que esperar de um futuro em que nem professor es teremos?