Na linguagem falada, usamos, frequentemente, algumas expressões engraçadas, das quais não sabemos a origem. É muito interessante descobrir como surgiram essas expressões e perceber que a língua, mais do que um conjunto de regras gramaticais, é um tesouro construído no tempo pelas interações entre as pessoas, que transportam para a linguagem a expressividade e criatividade humanas. Confira a história de duas expressões bastante usadas em nosso cotidiano:

Maria vai com as outras

É a pessoa que não tem opinião, que obedece ao comando dos outros, que se deixa convencer com a maior facilidade. 

A expressão teve origem em Portugal. Dona Maria I, mãe de D. João VI, portanto, avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II, de um dia para outro enlouqueceu. Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver recolhida e só era vista quando saia para caminhadas a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via sua rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. 

Vale lembrar que muita gente perfeitamente sã abre mão da vontade própria por comodismo ou conveniência. Prefere seguir passivamente a boiada.

Puxar o saco

Esse ato de bajular, adular, cortejar com submissão tem origem militar. É que na época em que os oficiais, em viagem, acomodavam as suas roupas em sacos, eram os subalternos que os carregavam, com humildade. Quer dizer, puxavam o saco de quem estava em posição mais elevada na hierarquia.

O tempo passou, mas o samba, sucesso no Carnaval de 1946, continua valendo entre nós: “Lá vem o cordão dos puxa-sacos/dando vivas a seus maiorais/quem está na frente é passado pra trás/ e o cordão dos puxa-sacos/cada vez aumenta mais”