Licenciatura em Música (UnB) - Turma de Cruzeiro do Sul

O projeto de estágio referente à disciplina de Estágio Supervisionado em Música I será desenvolvido na Escola de Ensino Fundamental Professor Antônio de Barros Freire. A música se faz presente na comunidade escolar de diversas maneiras: nos ensaios de Fanfarra, nos encontros religiosos que são realizados na escola, em datas comemorativas, festas e projetos realizados pela comunidade escolar.

            O projeto de estágio será desenvolvido com a turma do 6º ano “B”, com 32 alunos, no turno da tarde, sendo que as atividades serão desenvolvidas durante as aulas de Educação Artística. Este miniprojeto visa, portanto, estabelecer os conteúdos e os modos como eles serão trabalhados e desenvolvidos em sala de aula, bem como criar condições para que as atividades musicais desenvolvidas sejam trabalhadas de forma adequada, explorando ao máximo todas as versatilidades do conhecimento musical que serão discutidas posteriormente ao longo do projeto.

Programa de Rádio – O que toca na cabeça dos jovens? (Estilos Musicais)

O tema desse Estágio Supervisionado tem a finalidade de desenvolver um projeto dinâmico e voltado para a realidade musical dos alunos da Escola Antônio de Barros Freire, fazendo-os refletir e analisar os diversos estilos musicais com que os mesmos mais se identificam, dando condições para que os alunos possam fazer escolhas e tomar decisões acerca do que querem ouvir, a respeito dos estilos musicais que veiculam nos meios de comunicação mais comuns na cidade e que lhes agrada.

Além disso, fomentar nos alunos a ideia de que podem participar ativamente no fazer musical, realizando atividades de apreciação de estilos musicais, apresentando características culturais que os mesmos apresentam, ampliar o repertório musical dos alunos com outros estilos musicais e utilizando recursos didáticos e materiais variados que servirão como base para a execução do processo final da criação de um Programa de Rádio com nome, apresentador e equipe de produção, onde os alunos terão a oportunidade de criar, analisar e apreciar estilos musicais.

Assim, o ensino de música ficará mais eficaz, tendo em vista que o professor deve encontrar formas de traduzir o que ele quer ensinar através de linguagem e meios que os alunos entendam, gostem, participem e se identifiquem como pessoa. (OLIVEIRA, A. J. ; HARDER, Rejane, p. 71, 2008). Sem contar que há inúmeras formas e possibilidades de trabalhar sons e músicas e que serão utilizadas durante esse Estágio Supervisionado, através da prática em conjunto, da pesquisa, da experimentação, do ouvir e do transformar. É tomado como base o autor Swanwick que abrange parâmetros sonoros como a composição, a execução, a apreciação e a literatura e a técnica, o que levou Hentschke e Del Bem a tomarem esse pensamento como referência, afirmando que “através da análise crítica de determinadas músicas, os alunos poderão ampliar sua percepção, adquirir conhecimento sobre compositores, intérpretes e músicas, ampliando o gosto e a admiração pela música”.

Subtende-se, então, que apoiados nestas práticas, os alunos compreenderão que eles mesmos podem ser agentes da produção musical dos meios de comunicação e que esta pode ser uma maneira deles expressarem suas ideias, concepções e crenças.

Desenvolver a capacidade de compreensão e expressão de diversos estilos e manifestações musicais através da construção de um Programa de Rádio, envolvendo a apreciação, a composição, a execução e a técnica.

“Após o término da música, comecei a fazer indagações a respeito da mesma e, para a minha surpresa, os alunos analisaram de forma minuciosa a música, não deixando passar nada, nem as vestimentas do cantor (que no caso, não havia sido perguntado por mim)”. “Logo após, comecei a perguntar aos alunos quais os estilos musicais que eles mais gostavam e enquanto eles falavam eu continuava as anotações. E mais uma vez me surpreendi com o conhecimento musical prévio dos alunos. Eles citaram as principais características dos estilos musicais, como a instrumentação, o ritmo, a voz do cantor, exemplos de cantores/grupos musicais, dentre outros pontos”.

Nesses dois momentos, pude perceber o quão é importante deixar os alunos bem a vontade para poderem expor os seus conhecimentos prévios, fazer suas próprias análises. Assim, o professor deve oferecer um conhecimento mais aprofundado para esses alunos, com termos que eles desconheçam. Foi exatamente o que procurei fazer. O que notei é que eles possuem uma grande afinidade com a música e que não costumam ouvir só por ouvir. Eles gostam, também, de apreciar, de observar cada detalhe nos diferentes estilos musicais que gostam, sendo a instrumentação, o ritmo, a voz do cantor, a vestimenta, etc.

“Solicitei aos alunos que se dividissem em grupos de acordo com a preferência dos mesmos. Realizada essa ação, os alunos escolheram uma música para compor uma paródia. A proposta da atividade animou muito os alunos e eles começaram a se divertir criando as letras das canções. O envolvimento dos grupos e o empenho dos mesmos em construir uma ótima paródia, me chamou bastante a atenção e me deixou feliz em saber que os alunos estavam apreciando e motivados durante toda a aula. Não houve problemas com relação à harmonia dos grupos, pelo contrário, trabalharam sempre em conjunto, construindo e colaborando com ideias para a paródia. As letras de alguns grupos estavam bem divertidas e, por que não dizer, bem elaboradas”.

Ao deixar o tema livre para a construção das paródias e formação dos grupos de acordo com a afinidade dos mesmos uns com os outros, pude perceber que a elaboração do trabalho fluiu melhor, que eles puderam realizar trocas musicais, um mostrando para o outro suas músicas, seu gosto musical. Os alunos estavam dedicados e interessados e eu estava ajudando sempre que eles me pediam, sabendo aproveitar as diferenças a favor da aprendizagem e interesse dos grupos. Além disso, sei que a atividade coletiva em sala de aula favorece o desenvolvimento da socialização, estimula a compreensão, a participação e a cooperação entre professor e aluno, onde posso perceber, assim, os pontos fortes e fracos de cada aluno.

“A paródia criada pelo quinto grupo foi ótima! Eu me surpreendi, inclusive. Era um grupo de 3 meninas, mas todas se esforçaram bastante para criar a paródia. Escolheram a música “Ciranda, cirandinha” e falaram sobre o meio ambiente, sobre como devemos preservar. A letra estava bem estruturada, com rimas e seguiram o ritmo corretamente. Essa, então, foi a paródia escolhida tanto por mim quanto pelos demais alunos para a gravação no programa Audacity e para passar no Programa de Rádio.”

A atividade de criar paródias requer concentração e empenho, além de certas habilidades musicais também. O grupo citado acima utilizou bem os conhecimentos musicais prévios que elas já possuíam. Conseguiram rimar e estruturar as estrofes de acordo com o ritmo, o que me deixou bem contente, pois significou que os alunos aprenderam o que eu estava ensinando e estavam gostando das atividades propostas.

“... A estagiária que aqui vos fala adorou essa última aula, principalmente pela satisfação e desempenho que os alunos demonstraram e pelos comentários que os mesmos fizeram a respeito das aulas. E por fim, agradeci a participação e empenho de todos os alunos, à professora Maria Cleanes Uchôa por ter cedido seus horários e à direção da escola que também passaram para ver o andamento do Programa de Rádio ABF e elogiou a iniciativa e até propôs que eu fizesse um projeto de programa de rádio para as turmas as quais já dou aula.”

Diante do que foi exposto acima, acredito que minha conduta diante dos alunos tenha favorecido para que os mesmos pudessem expressar suas habilidades musicais. Procurei não me posicionar como a detentora do conhecimento, mas apenas como uma facilitadora, como uma professora que oportuniza a realização da experiência musical. Isso permitiu aos alunos uma maior liberdade. Posso dizer, então, que no final de tudo, o estilo musical que prevaleceu foi o sertanejo, tendo em vista que os alunos que gostam mais desse estilo (a grande maioria da sala) estavam sempre dispostos a participar, interagindo, opinando, cantando. Sendo assim, o repertorio escolhido também foi decisivo para o ocorrido.